IHG-DF

JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA

JK – DE DIAMANTINA AO MEMORIAL

Por: Affonso Heliodoro dos Santos

 

1. O “Dever de Servir”
Dona Júlia criou seus filhos como as velhas mães mineiras: trabalho, respeito a Deus e vontade de contribuir sempre, servindo de qualquer forma, ao seu semelhante. Estes princípios nortearam a vida de JK. Desde muito cedo, aos oito anos de idade, já começara a trabalhar para ajudar à mãe em casa. Procurava fazer um trabalho que não servisse somente a ele. Com o lema “certo e ligeiro”, fazia entrega de encomendas aos fregueses das casas comerciais de Diamantina, servindo a si próprio, à sua mãe, ao comerciante e ao freguês. Os magros tostões arrecadados às custas desse trabalho, eram levados para casa e entregues à Dona Júlia.

2. O Homem Sem Ódios
Temente a Deus, desenvolveu ao longo de sua vida um acendrado amor ao próximo. Por isso pôde realizar três governos: Prefeito de Belo Horizonte, Governador de Minas Gerais e Presidente da República, sem alimentar ódios, sem procurar vinditas e sempre perdoando, mesmo àqueles que mais o fizeram sofrer. A seus opositores, respondia com obras e trabalho, a seus detratores, com a grandeza de alma dos que não se deixam atingir pelas ofensas e calúnias gratuitas. Aos inimigos, com o perdão e, mesmo àqueles que tentaram derrubá-lo do poder, com os alucinados movimentos revolucionários de Aragarças e Jacareacanga, respondeu com a anistia, o esquecimento e ate com o prêmio das promoções que tiveram direito durante o governo.

3. O Chefe – O Amigo – O Companheiro
Sempre sabendo o que queria, temperamento inquieto, raciocínio ágil, memória privilegiada, resistência física fora do comum e uma inteligência fulgurante, luminosa e, às vezes até com centelhas que pareciam extrapolar as coisas puramente humanas, era Juscelino um chefe exigente, enérgico, impaciente e querendo as coisas sempre pra ontem. À custa desse seu estilo “legou à administração pública deste país um ritmo dinâmico de trabalho, um estilo antecipador permanente das grandes arrancadas desenvolvimentistas”. Num depoimento para a história declarou com relação a Brasília: “Fixei-me na epopéia que havia sido a construção de Brasília: Rapidez, Precisão, Determinação. No dia 2 de outubro de 1956 pisei no Planalto Central pela primeira vez. No dia 10 de novembro do mesmo ano, inaugurei o Catetinho. Em março de 1957, num trator, abri espaço no cerrado para a armação das primeiras barracas. A primeira estaca foi fincada na Praça dos Três Poderes a 4 de janeiro de 1958. E, às 9 horas do dia 21 de abril de 1960, declarei, no Salão dos Despachos do Palácio do Planalto, esta solene frase: Declaro inaugurada a cidade de Brasília, capital dos Estados Unidos do Brasil”. Este era o chefe. Enérgico e determinado, mas ao seu lado tínhamos o amigo atencioso, devotado, carinhoso, preocupado, alegre, incapaz de uma grosseria, de uma palavra ríspida. Se porventura deixasse escapulir uma palavra dura ou um gesto menos delicado, procurava imediatamente demonstrar que nada havia de pessoal naquela atitude. Era desabafo natural e humano de quem estava realizando um trabalho de 50 anos em cinco. Companheiro de serestas ou de descontraídas reuniões ao redor de uma cantor de modinhas ou mesmo de um tocador de violão, não havia companhia mais agradável. Ninguém era mais alegre e informal do que ele. Por todas estas qualidades foi um chefe, um amigo e um companheiro inesquecível. Seu convívio era um constante aprendizado de vida.

4. O Estudante
Mas nem tudo foi sempre assim. Queria ser médico, ser doutor. Pobre, órfão de pai aos dois anos de idade, filho de professora do interior, suas dificuldades começaram cedo. As primeiras letras aprendeu-as com a mãe. Depois veio o Seminário, mais tarde os exames parcelados em BH, e depois a Faculdade de Medicina.

5. O Médico
Para frequentar a faculdade, tinha que trabalhar a noite. Mesmo assim, morando num quarto de pensão, dormindo pouco e comendo mal, foi dos primeiros de sua turma de médicos. Trabalhou para os pobres como médico da Imprensa Oficial. Depois casou-se com Dona Sarah, moça de tradicional família mineira. Por seu devotamento à medicina tornou-se logo famoso pelas excepcionais qualidades de bom profissional e pela bondade de seu coração. Sempre atendendo com amor e carinho aqueles que necessitavam de seus cuidados, transformou-se naquele médico a que todos queriam consultar. Temperamento ultrassensível, complementou seus conhecimentos da alma e do sofrimento humanos naquele trabalho diário. Sua clientela era de gente humilde. Depois aperfeiçoou-se na Europa, o que na época era um feito arrojado. Voltou ainda mais famoso. Foi nomeado capitão médico da PMMG. Em 1932 segue para a região do Túnel da Mantiqueira, hoje Túnel Cel. Fulgêncio, teatro das operações bélicas da Revolução Constitucionalista de São Paulo.
Por seu temperamento comunicativo, por sua qualidade de notável cirurgião, por sua comunicabilidade e natural alegria, por seu incansável devotamento, ao trabalho, tornou-se logo conhecido e querido por todos. Faz amizade com os Generais Dutra, Barcelos, Góis Monteiro e outros, mas a amizade que faria mudar os rumos de sua vida foi com o então obscuro delegado da Região do Túnel, Deputado Benedito Valadares. Aí, praticamente, começa a carreira política de Juscelino.

6. O Político
Com a morte do Presidente Olegário Maciel, Benedito é nomeado Interventor em Minas Gerais e leva Juscelino para seu gabinete. Tem início então sua brilhante carreira política. Deputado Federal duas vezes, foi constituinte em 1946. Prefeito de Belo Horizonte, realiza obra tão notável, tão diferente, que seu prestígio é projetado até para fora do país. Rasga largas avenidas, asfalta ruas, abre todas as saídas da capital mineira, constrói moderna rede de esgotos, canaliza a água para diversos bairros, cria redes subterrâneas de luz e telefones, esburaca toda a cidade e transforma-se no “Prefeito Tatu”, mas sobretudo, urbaniza o bairro da Pampulha, onde represa o rio e cria o seu famoso lago. Para urbanizá-lo chama grandes artistas como Oscar Niemeyer, Portinari, Cheschiatti e Burle Marx.
Cassino, Casa do Baile, Iate Clube e a famosíssima Igreja de São Francisco, que pelo arrojo de suas linhas, pinturas e quadros, esteve interditada por um bispo retrógrado durante 14 anos. Hoje, esta obra é conhecida e elogiada em todo o mundo. Os artistas vetados pelo clérigo foram: Portinari, Cheschiatti e Oscar Niemeyer. Suas atividades à frente da Prefeitura de Belo Horizonte o credenciaram a concorrer às eleições para governador do Estado. Era quase uma imposição do povo a indicação do seu nome para o alto cargo. Seu “slogan” de candidato era o famoso binõmio: “Energia e Transportes”. Minas precisava trocar a paisagem bucólica de seus campos e pastagens pelos penachos de fumaça das grandes fábricas. Um Estado com apenas 11 de terras agricultáveis, era um Estado de “economia eminentemente agrícola”. Um contrasenso. Sem energia e sem estradas não seria possível transformar aquele panorama. Minas tinha que deixar de exportar “minério e mineiro”, para exportar produtos acabados. A campanha foi árdua. Todos os recantos de Minas foram visitados. O avião, o automóvel, o caminhão, o jipe, o carro de boi, o cavalo e o burro foram usados como meios de transporte. Onde houvesse um voto, aí estaria o candidato levando sua palavra de fé, de coragem e de entusiasmo.
Venceu as eleições! Seu governo foi marcado pelo arrojo epelo trabalho diuturno, características que o acompanhariam na Presidência da República. Ao deixar o governo de Minas, só Belo Horizonte dispunha de mais energia elétrica do que a que ele encontrara em todo o Estado. Mais de 3 mil km de estradas de rodagem e centenas de pontes estavam inauguradas. Foram criadas a Cemig (Centrais Elétricas de Minas Gerais S/A), a Fertisa (Fertilizantes de Minas Gerais S/A) e a Frimisa (Frigorífico Minas Gerais S/A). O DER (Departamento de Estradas e Rodagem) foi modernizado. Minas tinha agora uma nova feição e uma nova mentalidade. Todo esse trabalho naturalmente impunha seu nome à postulação da candidatura à Presidência da República. Manobras de todos os gêneros foram realizadas para impedir sua caminhada. Reuniões políticas da UDN, aliada a dissidentes do PSD; reuniões de generais que se opunham à candidatura de Jango para a Vice-Presidência e até um pronunciamento do Presidente Café Filho, pela Voz do Brasil, procurando dissuadi-lo de sua candidatura, foram realizados. A todos ele respondeu com a célebre frase que passou para a história: “Deus poupou-me o sentimento do medo”. A luta pela manutenção de sua candidatura foi enorme. Todas as manobras foram feitas para desfigurar a imagem do candidato. As regras do jogo político, na última hora, foram alteradas, adotou-se um sistema novo de votação: foi criada a “cédula única”, depois de já estarem todos os diretórios do PSD, que cobriam todos os municípios brasileiros, abarrotados das cédulas adotadas e aprovadas pelos Tribunais Eleitorais do país. Embora tantas manobras, realizadas as eleições, JK se elege Presidente. Começa então uma nova batalha: a da maioria absoluta de votos. Dos quatro candidatos: Juarez Távora, Ademar de Barros, Plínio Salgado e Juscelino Kubitschek, este último era o mais votado, com uma diferença de mais de 500 mil votos sobre o 2º colocado, Juarez Távora, mas essa diferença não lhe dava a maioria absoluta dos votos colocados nas urnas para os quatro candidatos, isto é: a metade mais um do colégio eleitoral. Também esta batalha foi vencida. Entretanto, só para não me alongar muito, basta dizer que, embora vitorioso nas urnas, foi necessária a deposição de dois Presidentes da República e um golpe de estado para garantir a posse daquele que tinha sido legitimamente eleito pela vontade soberana do povo brasileiro.

7. O Administrador
O slogan de sua campanha para a Presidência da República sintetizava já um ambicioso programa: “50 anos de progresso em cinco de governo”. Suas famosas metas não eram resultado de uma ilusão ou de um sonho, eram, na realidade, a concretização, a cristalização de demorados estudos de nossa economia de colônia e a consciência de que o Brasil teria que romper com o estado de pobreza em que fenecia para transformar-se num país rico, independente e capaz de trazer para dentro de suas fronteiras as decisões econômicas e políticas para seu rápido desenvolvimento. Àquela altura, já nossa dívida externa apresentava a cifra de 1 bilhão e 900 milhões de dólares, sendo 1 bilhão e 200 milhões aos americanos e 711 milhões de dólares aos ingleses (Shopping News -SP- 21/11/82). Parte dessa dívida, ainda do tempo do Império, foiresgatada durante o governo do Presidente Juscelino. Dívida que ironicamente foi assumida pelo Brasil, para ter sua independência reconhecida pela Inglarerra. Dívida oriunda de empréstimo feito pelo governo português “para manter as tropas do General Madeira, na Bahia, lutando contra a independência brasileira”.
Pela primeira vez na nossa História um candidato apresentava ao eleitorado, antes mesmo de eleito, um programa antecipado de governo. Um programa que, dadas às suas características, ou seja, ao fato de todo ele ser traduzido em números, seria muito fácil ser fiscalizado, medido e cobrado, ao término do seu mandato. Para a realização desse programa, consubstanciado em 30 metas bem definidas, o Brasil aplicou 2 bilhões e 180 milhões de dólares.
Realizou toda a obra prometida, construiu Brasília e ao deixar o governo nossa dívida externa orçava em torno dos mesmos 1 bilhão e 900 milhões de dólares encontrados ao iniciar-se o governo Kubitschek.
Dos 30 anos que antecederam seu governo foi o período em que nossa moeda teve seu maior poder aquisitivo. Segundo relatório do Ministério da Fazenda apresentado em 1960, “a infra-estrutura econômica e a multiplicação das iniciativas reprodutivas no quinquênio, asseguraram-nos olhar com otimismo e confiança o futuro de nossa Pátria”. Nossos déficits orçamentários giraram sempre em torno dos 30 bilhões de cruzeiros daquela época. Temos todavia que levar em conta a necessidade de gastos públicos adicionais, reajustamentos e vantagens concedidas ao pessoal civil e militar da União em lei de governo anterior e bem assim a necessidade de antender a investimentos governamentais nos setores básicos da economia. Nossa taxa inflacionária em 1956 era da ordem de 19,2. Em 1960 ela atingia 30,9. Um aumento, portanto, compatível com o programa de desenvolvimento da administração Kubitschek. O historiador Hélio Silva dá a média de 14 ao ano, o que resulta em 1,16 ao mês. Assim, o orçamento de janeiro, de um chefe de família, era compatível com seu orçamento no final do ano. Havia desenvolvimento e estabilidade. Ainda extraídos do relatório do Ministério da Fazenda temos os seguintes dados:”A despeito das emissões e mesmo da intensa atividade promocional executada no período de 1956/1960, além dos já mencionados com relação ao crescimento mais rápido dos meios de pagamento, o ritmo médio anual do aumento geral dos preços foi de 22,1 enquanto que no quinquênio anterior, se expressara em 17,5; percentagem não muito mais baixa do que aquela”. É de notar-se, portanto, que realizando todo o seu fabuloso Programa de Metas, fazendo o Brasil romper a barreira do subdesenvolvimento crônico em que se debatia, abrindo as portas de nosso futuro, “sacudindo o gigante de Norte a Sul”, a média anual do aumento geral dos preços não foi muito acima daquela do quinquênio anterior. As críticas a Brasília, como obra inflacionária, faraônica e desnecessária foram respondidas com milhões de cruzeiros que passaram a circular dentro dos limites de nossa Pátria, canalizados para as indústrias da construção civil do Brasil, principalmente de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas e Goiás. Os nortistas e nordestinos tiveram com que manter suas famílias nas carentes regiões de sua origem, pois milhares deles vieram trabalhar em Brasília, onde encontraram ocupação para seus formidáveis braços ociosos. Só na Rodovia Brasília-Fortaleza foram colocados 18 mil nordestinos. Na época das grandes máquinas de abertura de estradas, construíram aquela rodovia na base do uso da picareta, da pá e do carrinho de mão, de forma a ensejar emprego e sustento para aqueles milhares de flagelados do Nordeste. Se considerarmos que as famílias nordestinas se compõem de oito pessoas em média, vamos encontrar um número em torno de 154.000 (cento e cinquenta e quatro mil) pessoas assistidas por apenas a construção de uma estrada. A riqueza que passou a circular então dando novo alento às regiões mais pobres do Brasil, pode ser caracterizada apenas como um dado expressivo: cidades das imediações de Brasília, excluídas, Goiânia, Ceres e Anápolis, entrepostos naturais para a construção da capital, tiveram sua arrecadação federal elevada até 800, o que significa um enriquecimento inusitado e jamais repetido. Seu Programa de Metas continha-se em quatro grandes grupos: 1)Energia; 2)Transportes; 3)Alimentação e 4)Indústria de Base e Educação para o Desenvolvimento. Brasília não fazia parte desse programa. Brasília era sonho, era vontade, era mandamento constitucional, mas era, sobretudo, um quadrilátero amarelo no mapa do Brasil indicando o local do futuro Distrito Federal. Em carta endereçada a todo o povo brasileiro, no momento em que deixava democraticamente a Presidência da República, ele dizia: “Sinto-me satisfeito em poder proclamar que, na Presidência da República, não faltei a um só dos compromissos que assumi como candidato. Mercê de Deus, em muitos setores realizei além do que prometi, fazendo o Brasil avançar pelo menos, cinquenta anos de progresso em cinco de governo”.

8. O Estadista
Homem de larga visão política, Juscelino foi um estadista voltado para o desenvolvimento de seu país, o bem-estar e a felicidade de seu povo.
No âmbito internacional, sua obra mais característica foi a criação da Operação Panamericana, cuja finalidade precípua era a coscientização, a motivação, principalmente da América Latina, para a necessidade de se buscar, por todos os meios, o desenvolvimento econômico. Criar a consciência de que somos povos tão capazes quanto quaisquer outros povos do mundo e desenvolver organismos para o diálogo com os países de economia forte, os países ricos. Os chamados irmãos do Norte. Não mais a palavra isolada, individual, cada um por si, com o chapéu na mão a mendigar a boa vontade de governos e banqueiros, cada vez mais aviltando os preços de nossas matérias-primas, mas a voz da América Latina como um todo. Na mencionada carta diz também Juscelino: “Pude ainda, através da OPA, despertar as esperanças e energias dos povos americanos para o objetivo comum do combate ao subdesenvolvimento. E todo esse esforço culminou no cumprimento da meta democrática, quando nosso país apresentou ao mundo um admirável espetáculo de educação política, que me permite encerrar o mandato num clima de paz, de ordem, de prosperidade e de respeito a todas as prerrogativas constitucionais”.

9. Brasília
Brasília nasceu de uma pergunta feita ao candidato em Jataí, Estado de Goiás, no início de sua campanha presidencial. Antônio Soares Neto, o Toniquinho, perguntou se eleito o canditado cumpririao mandamento constitucional que determinava a mudança da capital para o Planalto Central. Um segundo de reflexão e a resposta veio pronta e precisa: “Cumprirei a Constituição, farei uma mudança da capital”. É fácil imaginar o que foi a batalha no Congresso, a luta contra a imprensa do Rio de Janeiro, contra os incrédulos e principalmente contra a UDN, que, finalmente, resolveu aprovar o projeto de mudança na certeza de que o Presidente não teria condições nem capacidade para cumpri-lo, ainda mais com data marcada para a transferência da capital. A intenção da UDN era, ao final do mandato, cobrar uma obra que não tinha sido feita e desmoralizar aquele que se havia comprometido com a Nação. Enganaram-se todos. Brasília está aí atestando a capacidade de nosso povo que, quando convocado para um trabalho da seriedade deste, dá-se de corpo e alma na certeza de que está realizando um Brasil novo. E, realmente, Brasília é o Brasil do século XXI, é a redescoberta do Brasil; a conquista e ocupação desta área, de mais de 6 milhões de 500 mil km² de riquíssimo território, para serem incorporados definitivamente à economia de nossa Pátria. Representa a definitiva, sonhada e tão decantada marcha para o Oeste. Os brasileiros deixaram a condição de caranguejo de beira de prais e assumiram a lendária, épica e gloriosa missão de novos bandeirantes. Brasília representa a base, o trampolim para o salto definitivo de ocupação desse espaço vazio e tão cobiçado pelo estrangeiro. No dizer de Juscelino, “Brasília é a demonstração inequívoca de fé na capacidade realizadora dos brasileiros, triunfo do espírito pioneiro, prova de confiança na grandeza deste país, rutura completa com a rotina e o compromisso”.

9. O Memorial
Não podia encerrar este texto sem mencionar a obra formidável realizada em tempo recorde, para perpetuação da memória de Juscelino. A conciliação, a concórdia, o entendimento, foram sempre apanágio de sua personalidade. E seu Memorial, um dos marcos definitivos e primeiros da abertura política neste país, trouxe ao povo brasileiro mais esta lição de sabedoria política: governo, oposição e povo, uniram-se numa demonstração grandiosa de que o entendimento, a concórdia e a conciliação são possíveis quando os objetivos transcendem ao interesse individual, ao interesse partidário. O Memorial hoje, como seu Patrono, simboliza este grande gesto de congraçamento de nossa História. Todos assistiram à epopéia de sua construção. O Memorial vem cumprindo sua missão e finalidades:
– A história de Juscelino foi revivida;
– Seu túmulo visitado;
– Sua memória reverenciada;
– Seus ideais democráticos decantados;
– Sua obra elogiada e divulgada.
A singularidade de sua personalidade de político e invulgar homem público repetida para e por milhares de pessoas. O Memorial é hoje o lugar mais visitado de Brasília. Não apenas o povo, mas personalidades daqui e de outras partes do mundo têm visitado e demonstrado sua emoção e respeito pelo homem cuja vida e obra impuseram a construção de seu Memorial. Erguido na cidade por ele criada, há de ser o marco perene, o facho de luz que deste Planalto Central iluminará os caminhos da nossa Pátria, conduzindo-a aos seus mais altos destinos.